FILHOS DE IMPÉRIO E PÓS-MEMÓRIAS EUROPEIAS

FILHOS DE IMPÉRIO

Quem é o sujeito da nossa investigação?

 

O filho de império é alguém para quem o império, as guerras coloniais e a descolonização são já apenas representações. Ele não tem a titularidade da experiência, nem é o autor do testemunho, mas é o herdeiro simbólico de uma ferida aberta sobre a qual elabora uma narrativa construída a partir de fragmentos de narrativas da família, compostas por discursos, retratos, mapas, cartas, aerogramas e outros objetos do domínio privado, mas também de fragmentos retirados das narrativas públicas.

 

Os filhos de império não conheceram os últimos dias do colonialismo na República Democrática do Congo, na Argélia, em Angola, em Moçambique, na Guiné-Bissau, em Cabo Verde ou em São Tomé e Príncipe ou têm memórias remotas de infância dessa época. Não foram testemunhas diretas da descolonização destes países, mas, no entanto, foram marcados por este processo através das histórias das suas famílias e do contexto em que cresceram e, por isso, o passado colonial influencia de maneiras distintas a sua visão do mundo hoje.

 

Atualmente, o desafio é lutar pela descolonização do indivíduo, tanto na figura do ex-colonizado, como na do ex-colonizador, e promover condições para um diálogo pacífico, marcado pelo respeito mútuo.