REIMAGINAR A EUROPA
MEMOIRS propõe uma visão audaciosa da história europeia contemporânea, a partir das suas heranças coloniais. O caráter inovador deste projeto traduz-se na sua questão de investigação, nunca antes colocada à escala europeia: qual é o impacto, na Europa atual, da transferência de memórias do fim do colonialismo nas suas múltiplas dimensões?
MEMOIRS tem como objetivo analisar as memórias herdadas pelos filhos e netos da geração que viveu os processos de descolonização de territórios dominados por Portugal, França e Bélgica no continente africano – Congo, Argélia, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. A herança colonial europeia irá ser reinterrogada a partir de entrevistas e da análise comparada de representações de segunda e de terceira geração, influenciadas pela pós-memória das guerras coloniais e do fim dos impérios. O projeto tem por desígnio central compreender a diversidade pós-imperial europeia – uma sociedade multicultural marcada pelo resíduo de impérios, só aparentemente esquecidos.
METODOLOGIA
MEMOIRS está a realizar um conjunto de entrevistas com os descendentes da geração envolvida nos processos de descolonização das colónias de Portugal, França e Bélgica no continente africano e afetada por eles, e a analisar as representações artísticas dos filhos de império como representações públicas de uma memória intergeracional. As áreas artísticas sob análise são: artes visuais, cinema, literatura e artes performativas. Para fazer justiça à complexidade do tema, a abordagem é interdisciplinar e comparativa, agregando especialistas de estudos literários e culturais, estudos artísticos, história, sociologia, antropologia e relações internacionais e parceiros institucionais como universidades, mas também museus, associações, teatros, festivais culturais, cinemas, câmaras municipais e escolas.
PROJETOS MEMOIRS
Projeto de investigação em várias fases (2018-2021) e com sub-projetos com atividades variadas: comunicações, organização e revistas e livros de ensaios, assim como uma jornada e uma monografia organização de número temático da revista Journal of Romance Studies (Print ISSN: 1473-3536 Online ISSN: 1752-2331) sobre “Memory, Trauma, Politics: A Lusophone Triangulation", livro sobre Filme Lusófono e Memória Pósimperial e participação na rede internacional Postcolonial Intelelctuals in Europe.
A investigação aborda a constelação de melancolia, saudade, nostalgia da experiência africana do último período colonial como um dos mediadores da memória contemporânea, cujos reflexos se manifestam em particular na literatura, no cinema, nas artes e deixam um marco próprio nas produções culturais portuguesas atuais. Um dos aspetos relevantes da construção de uma memória comunitária, condicionada pela mediação de uma nostalgia colonial, é representado pelos reusos também políticos destes legados de memórias ou pelas estratégias mercadológicas com que eles são articulados.
Este projeto pretende identificar, compreender e comparar os significados atribuídos à morte em narrativas da pós-memória em Portugal e em França
O presente projeto pretende analisar, num corpus selecionado de obras de Portugal, França e Bélgica, a maneira como a pós-memória é representada no campo da literatura. Serão abordadas, entre outras, questões tais como a reelaboração ficcional das narrativas dos fins dos impérios coloniais, as formas e variantes da transmissão da memória da descolonização, assim como a construção de um paradigma da pós-memória pelo viés da ficção.
Neste projeto pretendo investigar como a arte urbana periférica de três capitais europeias (Paris, Lisboa e Bruxelas) influencia a historia do imperialismo na conceptualização da Europa no mundo contemporâneo e globalizado, seguindo uma abordagem pós-memorial.
Programa de doutoramento: Pós-colonialismos e Cidadania Global, CES/FEUC, Universidade de Coimbra
Orientação científica: António Sousa Ribeiro
Irei analisar processos familiares e privados que explicam as memórias transgeracionais sobre o final do império em Portugal. Explorarei o cruzamento entre os discursos e os silêncios, ou seja entre a elaboração das memórias e os esquecimentos que fomenta ou perpetua, sobre aquele período da história recente do país. Para tal, detenho-me nas entrevistas a descendentes da geração que chegou de Angola com a independência, comparando discursos de famílias racializadas brancas e não-brancas. Identificarei as memórias não enunciadas entre gerações, os mitos, os silêncios e os silenciamentos, perscrutando o lugar da violência nestas memórias (em particular nas dimensões racial e de género). Inscrevo a minha reflexão na área dos estudos da memória, incidindo em particular na dimensão de esquecimento e construção performativa que caracteriza a memória, seja ela coletiva, pública, familiar ou individual.
FINANCIAMENTO
MEMOIRS é financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) no âmbito do Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação Horizonte 2020 da União Europeia (n.º 648624) e está sediado no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.